Breve Comentário de Efésios

08/10/2018

                                                   Contexto


A epístola de Efésios é como conhecemos a carta do apóstolo Paulo (Ef 1.1), escrita, aproximadamente, no ano 60 depois de Cristo, no mesmo momento em que está preso em Roma (Ef 3.1, 6.20) e escreve a epístola de Colossenses (Cl 4.3). Esta prisão é a primeira prisão em Roma, na qual Paulo permaneceu seu tempo em uma casa vigiada por guardas. Não é muito claro se Paulo está escrevendo para a comunidade cristã que está em Éfeso - uma igreja específica -, ou para todos os crentes no Senhor Jesus Cristo que estão na região da cidade de Éfeso (cidade da Ásia Menor, atual Turquia). Como uma cidade grega, já dominada pelo império romano, Éfeso sofria com os problemas do paganismo grego e romano - há um relato da construção de um tempo para a deusa Ártemis (At 19.23-31) -, e por esse motivo Paulo percebeu que deveria pregar a mensagem da cruz de Cristo lá também.

Propósito

Uma vez que Paulo já havia constituído uma comunidade cristã em Éfeso, o que esperamos é uma exortação contra heresias, erros doutrinários, ou pecados do povo. Contudo, diferente de várias outras cartas, o propósito de Paulo nesta epístola é reforçar o entendimento destes que confiam em Deus, para que eles entendam com maior intimidade o caráter do Senhor, e quais são os Seus propósitos, os quais são cumpridos em Cristo (Ef 1.15-23). Por este motivo, Paulo inicia a carta falando das bençãos já alcançadas antes da Criação; Deus, em Sua vontade soberana, segundo a Sua misericórdia, nos concedeu a vida por meio de sacrifício de Cristo. Não que tenhamos escolhido isso, mas Ele mesmo é que nos predestinou e escolheu para tomarmos o lugar de filhos, para andarmos num caminho preparado por Ele, para o louvor da Sua glória (Ef 1.3-14).

Além de reforçar o entendimento do evangelho, Paulo tem a intenção de expandir a noção do gentios sobre os propósitos de Deus na salvação, reconciliando consigo mesmo tanto judeus como gregos, e tornando-os irmãos pertencentes à mesma família. Não só isso. Deus não apenas demonstra seus propósitos em Cristo, mas quer que vivamos estes propósitos na nossa vida prática. Se as Escrituras são, de fato, a Palavra de Deus - ou seja, se a Bíblia é a forma como Deus nos comunica Seu caráter e Sua vontade -, então o evangelo não é apenas um objeto de estudo e reflexão, ou uma fonte de sabedoria para o mundo moderno, mas sim a própria realidade em que vivemos - a Palavra de Deus é a verdade! Sendo assim, devemos viver de acordo com esta realidade. Por este motivo, Paulo também dedica esta epístola para tratar de aspectos da vida prática da igreja, tais como a união entre os irmãos - pois foram unidos em um só corpo, isto é, a Igreja -, maturidade espiritual, mudança comportamental e intelectual - pois Deus muda nosso querer e agir -, e questões relacionais entre um homem e sua mulher, entre pais e filhos, e entre servos e senhores. Estes relacionamentos devem apontar para a relação entre Deus e a Sua igreja, e precisam seguir um mesmo princípio: devemos nos sujeitar, uns aos outros, no temor em Cristo (Ef 5.21), ou seja, se temos reverência perante Cristo, devemos servir uns aos outros.

Por que Efésios?

Efésios me ensinou que eu sempre tenho mais para aprender sobre Deus e sobre a mensagem da cruz. Paulo pregou nesta cidade, e teve o cuidado de ensinar a sã doutrina com muita preocupação, carinho e zelo. Aprendi, também, que o evangelho não possui uma realidade prática na minha vida, ela é por si só essa realidade. A mensagem de Cristo não é algo que, se quisermos, podemos também aplicar no nosso cotidiano. Não. A mensagem da cruz diz respeito à uma mudança de vida (seja nas vontades, seja nas obras) Aquele que diz crer no Deus das Escrituras, mas vive como se isso não fizesse a menor diferença, não conheceu verdadeiramente o Senhor - para estes, dou o nome de ateus práticos; com a língua, confessam a Deus, mas com a vida, testemunham que são ignorantes.

A epístola de Efésios é um verdadeira convite para não ignorarmos que, onde há um povo, há oportunidade para pregar o evangelho - pois o evangelho não depende da cultura. Paulo não pregou contra o sistema de servos e senhores (Ef 6.5-9), antes soube lidar com isto para mostrar que, se Cristo de fato nos transformou, até nisto é necessária uma transformação que testemunhe a relação de Cristo e a Igreja - pois o mesmo é o Deus do servo e do senhor; ambos precisam agir bem por amor a Deus, como se estivessem, na verdade, servindo ao Senhor.
Paulo, como sempre, se pronuncia como o apóstolo de Cristo. O que isso tem a ver com missões e pregação? Veremos no próximo capítulo.

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